Fonte: Artigos - Pr. Lúcio Barreto - lagoinha.com
“Então, Jesus, olhando ao redor, disse aos Seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas! E os discípulos se admiraram destas Suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no Reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus”. (Marcos 10.23-25 ARCO)
É preciso ser pobre para herdar o reino de Deus? Será que é pecado ser rico, ser próspero? Jesus morreu só pelos pobres?
Satanás, durante muito tempo, influenciou as pessoas a crer que todo crente era pessoa menos favorecida, pobre, com pouca agudeza intelectual, portanto sem capacidade de enxergar a realidade, e, estando decepcionadas com a vida, buscavam no misticismo a esperança de uma vida melhor. Com isso, ele, além de menosprezar a fé cristã, tentava desanimar os cristãos e também evitar que outras pessoas se convertessem, especialmente as bem-sucedidas materialmente, porque são pessoas que têm maior influência e podem trazer muitos para Jesus.
Contudo, atualmente, diante da avalanche de pessoas prósperas como profissionais liberais, empresários, políticos e pessoas das diversas camadas sociais que têm abraçado a fé cristã, satanás adotou também novo discurso. Levou as pessoas a acreditar que todo crente tem que ser bem-sucedido, tem o dever de ser um vencedor em tudo, levando-os a julgar que se não são prósperos, há alguma coisa errada com eles, com a igreja que frequentam ou mesmo com Deus, e alguns pregadores mal informados e outros mal intencionados abraçaram esse discurso. Com isso, foi instaurado em alguns redutos evangélicos a política do “deus consumismo”. Os crentes assumiram atitudes deste chamado “século do consumo”. Disputam entre si quem tem o melhor carro, casa, quem é mais bem-sucedido, e batalham incansavelmente no mundo material e espiritual para serem os mais “abençoados”. Com essa ilusão, muitos se decepcionam, porque não alcançam a tão propalada prosperidade, e se entristecem, esfriam na fé e, às vezes, se afastam, decepcionados com Deus. O consumismo tem consumido muitas vidas.
Esse foi o mesmo ardil que Satanás usou com Eva no paraíso, levando-a a consumir o que não podia, e tentou fazer o mesmo com Jesus no deserto, prometendo dar-Lhe o mundo se Jesus o adorasse. Assim como Satanás, cuja sede de poder, de querer ser mais do que Deus, levou-o a cair, ele quer fazer o mesmo com os cristãos, disseminando a ilusão do poder a qualquer custo. Mesmo que custe a saúde, a paz e até a fé. Claro que tudo podemos, mas sob a direção de Deus e não sob a direção de uma ambição desenfreada instigada por Satanás e por pregadores desavisados.
É necessário observar que nem a pobreza, nem a prosperidade são condições absolutas ou intrínsecas do crente. São, na verdade, condições circunstanciais da vida do cristão. A Bíblia relata exemplos dos filhos de Deus que passaram por momentos de altos e baixos. Podemos citar os israelitas que foram escravos no Egito, mas seus descendentes foram vitoriosos com Josué conquistando a terra prometida. Jó é outro que foi rico, foi miserável e voltou a ser rico. Poderíamos falar também de José, que foi escravo no Egito e depois ocupou um dos mais altos cargos naquele reino.
Podemos ver também que o Reino de Deus alcança pessoas prósperas por meio de personagens do Novo Testamento: A Bíblia relata (Mt 27.57-58) que um homem rico, José de Arimateia, era tão prestigiado que se dirigiu a Pilatos e pediu o corpo de Jesus e o sepultou, cumprindo assim a profecia de Is 53.9, que afirmava que o Messias seria sepultado entre os ricos. José de Arimateia foi ajudado nesse propósito de sepultar Jesus por um dos principais entre os judeus, Nicodemos (Jo 3.1).
Pessoas de prestígio se convertiam: “E creram muitos dentre os judeus e também um bom número de mulheres gregas de elevada posição e não poucos homens gregos” Atos 17.12 NVI).
Podemos citar também o eunuco, alto oficial Etíope, que também se converteu (At 8.26-27); Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de Herodes que ajudava sustentar o ministério de Jesus (Lucas 8.3); o Procônsul Sérgio Paulo, que também creu (Atos 13.7-12). Poderíamos citar outros, mas vamos ficar só nestes.
Deus, nosso Pai, é rico, Dono do ouro e da prata e de tudo que há, e é difícil acreditar que Ele seja masoquista e não queira o nosso bem. Ele, quando colocou Adão no jardim do Éden, disse para ele que dominasse sobre tudo. O Senhor fez os maiores milagres para tirar os israelitas da escravidão do Egito, não foi para levá-los para uma situação de pobreza. Jesus não morreu na cruz para que tenhamos uma vida medíocre. Ele veio para nos restaurar a autoridade que Adão entregou para satanás no Éden. Contudo, é necessário reconhecer que há circunstâncias e condições que determinam a nossa situação neste mundo, que podem ser de prosperidade ou tribulação, mesmo que sejam passageiras, como a de Jó e José do Egito. Tudo depende dos planos do Senhor e de nossas reações de obediência ou não.
Jesus, na passagem que citamos inicialmente, diz que é muito difícil para um rico ir para o céu, mas Ele deixa claro que não é impossível, afirmando que “nada é impossível para Deus”. Jesus esclarece que o problema é “confiar nas riquezas”. O jovem rico citado na parábola não quis seguir Jesus para seguir o dinheiro. E é bom que fique claro que muitos pobres também buscam as riquezas avidamente, muito mais do que buscam a Deus.
E nós, em quem temos confiado? Temos deixado de seguir Jesus para seguir Mamon? Ou quem sabe seguimos uma namorada (o) mundana (o)? Chegamos a mentir e fingir para seguir uma carreira de sucesso? Ou seja, o que temos idolatrado no lugar de Jesus?
Para entrar em uma empresa e fazer carreira, ter sucesso e ganhar dinheiro, a pessoa precisa preencher alguns pré-requisitos e vestir a camisa da empresa. No Reino de Deus também é assim, com a diferença de que, para entrarmos no reino de Deus, Jesus preencheu esses pré-requisitos por nós. Contudo, para tomarmos posse das bênçãos, é necessário vestir e suar a camisa: primeiro, ter fé nas promessas de Deus, depois, fugir do pecado e buscar avidamente conhecer a vontade do Senhor por meio das Escrituras Sagradas e, ao mesmo tempo, clamar pela presença do Senhor Espírito Santo nos ajudando e orientando.
O que deve ser levado em conta é que os cristãos não podem se considerar coitadinhos sem futuro aqui e agora e que estão condenados a viver na pobreza, até a morteiro, se quiserem alcançar a vida eterna. Portanto, não devem ficar paralisados, gemendo sem lutar para melhorar de vida, decepcionados com o Pai amoroso e Suas inúmeras bênçãos prometidas nas Escrituras.
Também não podemos achar que uma pessoa, mesmo crendo em Cristo, mas sendo próspera, está condenada ao inferno. Basta vermos o que Paulo escreveu a Timóteo para percebermos que os prósperos também podem herdar a vida eterna: “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna” (1 Tm 6.17-19).
O próprio Senhor Jesus, na sequência da passagem inicial desse texto, promete bênçãos eternas, mas também bênçãos materiais: “Respondeu Jesus: “Digo a verdade: Ninguém que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, ou campos, por causa de mim e do Evangelho, deixará de receber cem vezes mais, já no tempo presente, casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, e com eles perseguição; e, na era futura, a vida eterna. Contudo, muitos primeiros serão últimos, e os últimos serão primeiros” (Marcos 10.29-31 NVI).
Deus não faz acepção de pessoas e quer que todos se salvem: “Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1 Timóteo 2.3-4 ARC). Podemos ser pobres ou ricos, como já dissemos, circunstancialmente, o que não podemos, em circunstância alguma, é ser pobres espiritualmente.
Finalmente, mesmo que singremos mar tranquilo, ou mesmo que o mar seja turbulento, o que importa é que o comandante seja o Senhor nosso Deus!
Amém! Glória a Deus!