sábado, 12 de janeiro de 2019

TERMINAR BEM PARA COMEÇAR MELHOR

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“O fim das coisas é melhor que o seu início” (Ec 7.8).
Quando eu era criança meu avô possuía um aparelho “Moto Rádio”. Nas tardes de domingo eu tomava o rádio emprestado para ouvir os jogos do campeonato brasileiro. Um dos meus locutores favoritos era Fiori Gigliotti. Os seus bordões davam vida e poesia às partidas de futebol, e o que eu mais gostava era: ‘crepúsculo de jogo, torcida brasileira’, isso quando a partida estava chegando ao fim. Estamos no crepúsculo do ano de 2018. Logo mais poderemos dizer como o mesmo Fiori no apito final do árbitro: ‘Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo’.
2018 foi um ano tenso, tumultuado e bastante confuso no Brasil. A expressão “FAKE NEWS” entrou definitivamente para o nosso vocabulário e infelizmente passou a ser uma presença constante em nossas vidas. Também aprendemos que os fatos brutos não são mais levados em conta, mas, sim, a narrativa que damos a eles, dependendo da ‘verdade’ que desejamos apresentar.
2018 também foi o ano em que uma certa polarização ideológica e política aprofundou o fosso que divide a sociedade brasileira. Essa polarização desceu do mundo das ideias e se estabeleceu entre as relações antigas e que antes de 2018 sobreviviam até com certo bom humor a essas posições contrárias. Tudo não passava de questões de opinião e preferência.
Com a radicalização dos discursos essa polarização se intrometeu na vida cotidiana das pessoas, e essas relações foram quebradas. Amigos de ontem se tornaram inimigos de hoje. Parentes desde sempre se fizeram de estranhos e distantes. E o pior de tudo é que muitos cristãos contribuíram decisivamente para isso. Usaram e abusaram, até covardemente, das redes sociais e com atrevimento indescritível fizeram ataques à honra daqueles que deviam proteger, parentes, irmãos na fé e amigos com os quais o Senhor os havia abençoado.
Uma boa maneira de terminar o ano de 2018 é pedir a Deus que nos faça ver a realidade não mais pelas lentes dessas posições polarizadas e radicalizadas pela teimosia, mas que passemos a julgar retamente todas as coisas com o tríplice critério estabelecido por Deus para nos auxiliar:
1. A iluminação do Espírito Santo, que espanta as trevas da ignorância e santifica a nossa inteligência;
2. A Palavra de Deus, que abastece a nossa mente da verdade e informa à nossa inteligência para sabermos qual é a boa, perfeita e santa vontade do Altíssimo para cada ocasião;
3. O amor, que “não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade” (1 Co 13.4b-6).
Com base na iluminação do Espírito Santo, façamos um profundo exame de consciência. Peçamos como o salmista: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo Te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23-34). E, quando tivermos discernido e flagrado em nós condutas que desagradam a Deus e, por extensão, ao próximo, é hora de dar o segundo passo, ir às Escrituras para saber o que concretamente devemos fazer.
Devemos ser instruídos pela Palavra de Deus conforme ensina Paulo: “Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros, pois aquele que ama o próximo tem cumprido a Lei. Pois estes mandamentos: ‘Não Adulterarás’, ‘Não Matarás’, ‘Não Furtarás’, ‘Não Cobiçarás’ e qualquer outro mandamento, todos se resumem neste preceito: ‘Ame o próximo como a si mesmo’. O amor não pratica o mal contra o próximo” (Rm 13.8-10).
Assim, agora que sabemos como devemos agir, em conformidade com a Palavra de Deus, é hora do terceiro e fundamental passo: fazer um gesto concreto, indo ao encontro de todos aqueles que ferimos ou com quem ficamos estremecidos e de relações prejudicadas devido a “visões de mundo” distorcidas, caídas e inadequadas ao padrão das sãs Palavras. E mesmo aquilo em que estivermos cobertos de razão, se nos faltou a mansidão, a humildade e o amor, ainda que tenhamos agido em verdade, não deixou de ser pecaminoso na hora de exortar, corrigir e confrontar. Em qualquer um desses casos e em outros semelhantes, é dever do cristão dar o primeiro passo: “No que depender de vós, tende paz com todos” (Rm 12.17).
Antes de fazer votos para 2019, é preciso refazer as pontes trincadas ou quebradas ainda em 2018. Vale para o fim de ano o que vale para apenas uma noite: “Não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis ocasião ao maligno” (Ef 4.26).
:: Rev. Luiz Fernando dos Santos [Ultimato]